3 Sinais de Burnout Parental
O Burnout Parental existe e é frequente. Neste artigo vais aprender como sair do Burnout Parental, identificando quais são os 3 Sinais de Burnout Parental. Vou também abordar as suas causas e estratégias para lidar com ele. Primeiramente, fala-se de burnout parental quando a exaustão que caracteriza o burnout se aplica diretamente à relação com os filhos ou tem origem nela. Certamente já reparaste que ser mãe ou pai é exigente e a tempo inteiro. Por isso é tão desafiante e pode ser desgastante. Assim, o burnout parental é a exaustão física e emocional relacionada com o exercício da parentalidade ou com os cuidados a prestar aos filhos. Esta exaustão conduz muitas vezes ao distanciamento emocional em relação aos filhos e conduz à percepção de fracasso no desempenho da parentalidade.
3 Sinais de Burnout Parental
Assim, convém que conheças os três principais sinais de Burnout Parental:
1. Exaustão
Sentires exaustão é o primeiro sinal de burnout. Contudo, tem presente que esta exaustão não é apenas física, ela é também emocional. Desta forma, sentes uma falta de energia no corpo (como se o teu combustível tivesse sido drenado para fora de ti) e do ponto de vista emocional podes sentir-te incapaz de reagir emocionalmente, ficando até um pouco dormente. Ou seja, incapaz de sentir e de dar a resposta necessária perante aquilo que as emoções sinalizam.
2. Distanciamento Emocional
No seguimento da exaustão, vem o distanciamento emocional. Se chegaste a um ponto de exaustão, a seguir não estás capaz de te ligares emocionalmente aos teus filhos. A simples ideia de teres de gerir as suas emoções pode deixar-te num estado de ansiedade elevado. Sabes que te sentes emocionalmente distante dos teus filhos quando deixas de ter vontade de passar tempo com eles e só a ideia de os ires buscar à escola te deixa com ansiedade.
3. Percepção de Fracasso
Finalmente, estás em burnout parental quando, no seguimento da tua exaustão e do distanciamento emocional começas efetivamente a deixar de ter energia para prestares os cuidados necessários aos teus filhos. Por exemplo, deixas de conseguir planear e cozinhar refeições saudáveis para eles, deixas de conseguir organizar-te para os levares às atividades que frequentam, deixas de ter vontade e energia para brincar com eles, começas a não conseguir estabelecer rotinas saudáveis e a descurar os limites necessários ao bem-estar e saúde de todos. Portanto, com isto tudo a acontecer, começas a sentir culpa. Muita culpa. Como se estivesses a ser um/a mau/má pai/mãe. Então dizes a ti próprio/a que não dás conta do recado. E aí está o caldo entornado. Quando achas que não consegues, começas a boicotar-te e as coisas são cada vez mais difíceis.
Então perguntas-te: como cheguei até aqui? como perdi a alegria em ser pai/mãe? como é que agora só tenho vontade de desaparecer da vista dos meus filhos?
Quais são as causas do burnout parental?
Antes de mais nada, convém sublinhar que estes 3 sinais de burnout parental, habitualmente resultam de uma combinação de vários fatores. Contudo, deixo aqui uma lista daqueles que são os mais frequentes. Obviamente que a presença de vários aumenta a probabilidade de burnout parental, pelo que importa que os conheças:
Fatores relacionados contigo e com o teu contexto:
- Falta de suporte: quando exerces a parentalidade de forma isolada ou com muito pouco suporte social ou familiar, naturalmente estás sob uma maior exigência.
- Expectativas irrealistas: quando achas que a criança está preparada para fazer coisas que o seu nível de desenvolvimento cerebral ainda não lhe permite (como por exemplo, regular-se emocionalmente de forma autónoma).
- Perfeccionismo: se o teu lema é “nada menos que a perfeição”, o teu nível de exigência contigo pode estar a atrapalhar a qualidade e sensação de satisfação que podes retirar da parentalidade. Não há pais ou mães perfeitos/as, nem filhos/as perfeitos/as, lembra-te!
- Autocuidado pobre ou inexistente: a dedicação exclusiva aos filhos, bem como o abandono de áreas de lazer e descanso da vida dos pais pode conduzir ao estado de burnout parental.
- Falta de recursos: não é apenas a falta de recursos do ponto de vista humano que pode conduzir ao burnout parental, como acontece quando há pouco suporte familiar ou social. Também os recursos financeiros têm um papel determinante na satisfação das necessidades e prestação de cuidados, pelo que dificuldades financeiras podem ser causa do burnout parental.
- Exigências profissionais elevadas: quando um ou ambos os cuidadores estão altamente envolvidos e comprometidos com o seu trabalho, isso pode afetar a sua disponibilidade para exercer as exigências da parentalidade.
Causas relacionadas com o relacionamento com os teus filhos:
- Problemas de comunicação: o que dizemos e a forma como o dizemos tem um enorme impacto, o que naturalmente também acontece na relação parental. Quando a comunicação é pobre ou violenta, as relações com os outros ressentem-se e podem ser um fator de stress que conduz ao burnout.
- Relação de vinculação insegura: a relação estabelecida com a criança é fundamental para o bem-estar e não só. De facto, crianças que têm uma relação segura com os cuidadores tendem a ser mais cooperativas e tranquilas. Pelo contrário, relações inseguras tendem a exibir mais conflito e resistência.
E ainda causas relacionadas com os teus filhos:
- Necessidades especiais da criança: ter uma criança saudável não implica o mesmo nível de recursos que uma criança com necessidades especiais.
- Ter filhos pequenos: quando os teus filhos são pequenos, têm menor autonomia, pelo que essa exigência acrescida de cuidados parentais pode sobrecarregar-te, sobretudo quando conjugada com outros fatores, tais como a falta de suporte, ou ter mais do que um/a filho/a.
3 dicas para saíres do burnout parental
Portanto, se reconheces em ti os 3 sinais de burnout parental e se continuares assim, não só a tua saúde vai ressentir-se, mas também a tua relação com os teus filhos e até a tua relação amorosa (no caso de a teres). Por isso, é muito importante que faças algo de forma diferente, para que possas ter um resultado diferente. E claro está que, neste caso, o resultado pretendido é sair do estado de burnout, para que possas nutrir uma relação afetuosa e cuidadora com os teus filhos, que vos traga segurança emocional para crescer saudavelmente.
1. Simplifica
Basicamente, tudo o que puderes simplificar: a complexidade das refeições, a lista de compras, a lista dos teus afazeres diários. Reduz, corta a metade. Sê benevolente contigo. Lembra-te: como pode um carro sem combustível andar? Não pode. Tu também não. Larga o perfeccionismo e simplifica a tua vida. Prioriza o que é realmente importante e deixa o resto. Pelo menos por agora, até te sentires melhor.
2. Pede e aceita ajuda
Quando estás exausto/a, uma das principais competências que deves desenvolver é a capacidade de pedires ajuda. Mas não só; também a de aceitares ajuda que te é oferecida sem teres pedido. Pedir e aceitar ajuda vai permitir-te uma maior conexão com os outros.
Os seres humanos são por natureza compassivos. Ora isso significa que gostam de ajudar o próximo. De facto, uma das coisas que nos permitiu sobreviver enquanto espécie foi a cooperação. Quando aceitas que alguém te ajude, estás a permitir que a pessoa se sinta útil e a reforçares os teus laços com essa pessoa. Portanto, estás a diminuir o teu isolamento.
Pedir e aceitar ajuda é uma competência das pessoas assertivas e não um sinal de fraqueza. Ninguém pode fazer tudo sozinho, pois não? exigirias isso a alguém? Então porquê exigires a ti? És apenas humano/a. No fim da história morres, não ganhas uma medalha por teres sido incansável e teres vivido em função dos outros.
3. Cuida de ti
Tudo isto é importante, mas se não cuidas de ti, está o caldo entornado. Como podes ter recursos para cuidares dos teus filhos, se não consegues abastecer-te de combustível para tu teres energia em primeiro lugar? Pois é, os teus filhos precisam de ti, mas bem. Não de ti em frangalhos, exausto/a ou sem paciência. Como podes ser isso que os teus filhos precisam sem te sentires bem contigo? Em primeiro lugar, pratica o autocuidado: alimenta-te bem, faz exercício físico, faz a tua higiene do sono e socializa. Tira tempo para ti. Gasta tempo de qualidade contigo. Vai fazer algo que te divirta ou que te relaxe. E vais ver que te vais sentir melhor. Uma das coisas que podes já começar a fazer é praticar Mindfulness: isso vai permitir-te cuidar bem de ti. Podes ler mais sobre o assunto aqui.
Finalmente, se vires que não estás a conseguir sozinho/a, é importante procurares ajuda profissional. Uma consulta de psicologia clínica com a vertente de aconselhamento parental pode ajudar muito a desenvolveres estratégias para lidares com o teu stress e a teres ferramentas de parentalidade positiva e consciente
3 livros que podem ajudar a sair do burnout parental
Portanto, se te interessa aprofundar esta temática, deixo-te a sugestão de 3 livros que te podem ajudar a lidar com os 3 sinais de burnout parental abordados:
- Síndrome de Exaustão (Burnout), de Michel Delbrouck
- Pais Apressados, Filhos Stressados, de Mário Cordeiro
- Pais Conscientes, Filhos Felizes, de Jon Kabat-Zinn e Myla Kabat-Zinn